"Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necesário, não havia pobreza no mundo e ninguém morreria de fome." A natureza dá a cada época e estação algumas belezas peculiares; e da manhã até a noite, como do berço ao túmulo, nada mais é que um sucessão de mudanças tão gentis e suaves que quase não conseguimos perceber os seus progressos.

AMAZÔNIA

Expectativa de anistia incentiva aumento de desmatamento na produção de soja



Com preços 30% superiores a seus patamares históricos, a produção de soja voltou a chamar atenção de ambientalistas e da sociedade civil.  Estudo realizado pela Repórter Brasil, levantou os impactos socioambientais da produção de soja e as conexões entre os novos desmatamen
tos e a expectativa de anistia dos produtores com as alterações no texto do Código Florestal.


Segundo o relatório, "a lavoura da soja, baseada na grande propriedade monocultora, tem incentivado o desmatamento em áreas do Cerrado e da Amazônia em diversos municípios brasileiros, onde, até então, a área da cultura já era dada como consolidada".


Dados disponibilizados pelo sistema Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), indicaram que nos meses de março, abril e maio de 2011 o Mato Grosso, maior produtor de soja do país, liderou as estatísticas de derrubada da mata.


Aumentaram também o número de irregularidades praticadas pelos produtores.  Entre janeiro e julho de 2011, agentes do Ibama embargaram no Estado 29.646 hectares por danos ilegais à vegetação nativa.  As multas aplicadas somam R$ 192 milhões, com 453 autos de infração lavrados.


Em entrevista à Repórter Brasil, o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Luciano Evaristo, afirmou que 12 das 13 frentes de desmatamento fiscalizadas pelo órgão no Mato Grosso, no 1º semestre de 2011, seriam destinadas à produção de grãos, e apenas uma à pecuária.  Além disso, municípios tradicionalmente sojeiros, como Nova Ubiratã (MT), Cláudia (MT), Feliz Natal (MT) e Peixoto Azevedo (MT) entraram nas listas de campeões de desmatamento.


Código Florestal


Evaristo também afirmou que as novas frentes de desmatamento foram incentivadas pela expectativa de anistia aos desmatadores criada pelos debates sobre o Novo Código Florestal no Congresso Nacional.  O estudo afirma que associações de produtores rurais mato-grossenses chegaram a incentivar associados a praticarem o desmatamento, sob alegação de que as mudanças no Código Florestal livrariam os desmatadores de punições.
Atualmente o projeto que altera o texto do Código Florestal está em análise pelo Senado Federal e deve ser votado até o dia 31 pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).



Fundos ambientais do Pará e Mato Grosso possuem problemas de gestão



Estudo divulgado pelo Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e Insti
tuto Centro e Vida (ICV) apontou deficiências na gestão de fundos ambientais e florestais no Pará e no Mato Grosso.  Os problemas encontrados referem-se principalmente à falta de transparência e monitoramento dos fundos.

A pesquisa levantou indicadores para avaliar a gestão de quatro fundos nos dois Estados com maiores taxas de desmatamento na Amazônia.  Os resultados apontam falta de transparência de regras e de prestação de contas, insuficiência no monitoramento de impactos dos fundos, além da ausência de apoio técnico para grupos com dificuldades de elaborar propostas (por exemplo, populações que dependem da floresta, mas que possuem baixo nível de escolaridade).

Para reverter esse quadro, o estudo propõe medidas de ajustes para esses fundos e orientações para a criação e funcionamento de novos fundos que estão sendo planejados em vários estados da Amazônia.



Deter: Amazônia perdeu 313 km² de floresta em junho



Em junho deste ano o desmatamento da floresta Amazônia cresceu 30%, se comparado com o mesmo período do mês anterior.  Foram 312,69 quilômetros quadrados (km2) de florestas que sofreram corte raso ou degradação progressiva no mês de junho.  Em maio o desmatamento foi de 268 km2.


Os dados são do Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e foram divulgados hoje.


O Estado que mais desmatou foi o Pará com 119.  6 km2 de florestas degradadas, seguido pelo Mato Grosso (81.5 km2), Rondônia (64.2 km2), Amazonas (41.  7 km2), Maranhão (5.  2 km2 ) e Tocantins (0.  5 km2).


Devido a cobertura de nuvens na região, nem todos os desmatamentos são identificados pelos satélites.  Em junho, a cobertura de nuvens mapeada foi de 21% para toda Amazônia Legal.