"Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necesário, não havia pobreza no mundo e ninguém morreria de fome." A natureza dá a cada época e estação algumas belezas peculiares; e da manhã até a noite, como do berço ao túmulo, nada mais é que um sucessão de mudanças tão gentis e suaves que quase não conseguimos perceber os seus progressos.

FUNDO DO MAR




TUBARÃO 
Coccosteus



Tubarões são, por definição, peixes cartilaginosos. Isso quer dizer que são peixes que não têm esqueleto ósseo (e sim feito de cartilagem) e tem suas fendas branquiais (orifícios pelos quais filtram água do mar para respirar) na lateral do corpo. Os outros peixes cartilaginosos são as arraias e as quimeras, peixes raros que habitam profundezas.

Sob o estigma da palavra tubarão estão mais de 400 espécies de peixes, cujo comprimento na idade adulta varia de 30cm (tubarão pigmeu) a 20m (tubarão baleia).

Ao contrario do mito, a grande maioria destas espécies não passa de 1,5 m de comprimento, não tem dentes grandes e não é agressiva ao homem. Menos de 10% das espécies de tubarão são potencialmente agressivas (atacam se provocadas) e apenas 4 são realmente agressivas (tubarão-branco, tubarão-tigre, tubarão-cabeça-chata e tubarão-galha-branca-oceânico).

Os tubarões, são animais extremamente bem adaptados ao seu meio e mantêm praticamente a mesma forma há 400 milhões de anos.

Como predadores do topo da cadeia alimentar e carniceiros são animais essênciais para o equilíbrio dos oceanos. Predadores são agentes da seleção natural, ou seja, ajudam a espécie das presas a evoluir a medida que predam individuos mais fracos e controlam o tamanho da população das presas.

Carniceiros são importantes para “limpar” o mar de carcaças de animais mortos.
Para se tornarem predadores perfeitos os tubarões tiveram seus sentidos aguçados pela evolução: visão excelente (em condições de pouca luz enxerga mais do que um gato) , audição muito boa, olfato dos mais apurados do reino animal (sente cheiro de particulas de substâncias diluidas em milhões de partículas de água), paladar (por isso rejeitam presas que não estão acostumados a comer, como seres humanos por exemplo) e tato (é o sentido dos tubarões menos estudado).
Eles possuem mais dois sentidos:


● Linha lateral: como nos outros peixes, os tubarões possuem um sistema especialmente desenvolvido para detectar movimento chamado de linha-lateral, que além de detectar presas potenciais.

● Eletro-sensibilidade: um aparelho sensorial único no reino animal, conhecidos como ampolas de lorenzini, detectam campos magnéticos. Isto permite ao tubarão detectar um peixe enterrado na areia a partir do campo magnético produzido pela batida de seu coração.

Eles possuem várias fileiras de dentes anexados à pele da mandíbula e não na mandíbula diretamente. Quando mordem algo duro, os dentes caem e são substituidos por outros que estão na fileira anterior. Algumas espécies produzem cerca de 30.000 dentes durante sua vida.
A pele do tubarão se difere da dos peixes ósseos. É composta por pequenas placas em forma de dente, também conhecidos comodentículos dérmicos, que são importantes para a
 eficácia da natação dos tubarões.

O formato alongado dos tubarões é tão hidrodinâmico que inspirou o desenho de nossos submarinos.

Algumas espécies de tubarões praticam canibalismo dentro do útero, ou seja, antes de nascer filhotes mais desenvolvidos comem aqueles que ainda não se formaram. Quando nascem os tubaroes estão 100% prontos para caçar.

A maioria das espécies de tubarão não respira se parar de nadar.



POLVO
Octopus spp


O polvo é um animal que pertence aos moluscos. Não tem ossos e o seu corpo é mole.

Vive no fundo do mar, por onde rasteja. Mas apesar de ter um aspecto muito estranho o polvo consegue nadar muito depressa com a ajuda dos seus oito tentáculos cheios de ventosas.
Os locais onde se podem encontrar mais polvos é no Oceano Atlântico Oriental e no Mar Mediterrâneo, mas estes animais existem um pouco por todo o mundo onde haja águas temperadas.

O polvo raramente vive mais de cinco anos. O macho morre logo depois da reprodução. A fêmea põe os ovos e deixa de se alimentar para os defender de predadores até que os polvos nasçam, morrendo em seguida.

Os polvos conseguem aprender coisas só por observar outros polvos. Por isso dizem que são muito inteligentes!

Estes animais são ótimos caçadores. Os seus sentidos são bastante desenvolvidos.
A sua visão, por exemplo, é extraordinária. Conseguem detectar objetos com cerca de 0,5 cm a um metro de distância. E o funcionamento do seu olho é até muito parecido com o do homem.

Para se comunicar os polvos mudam de cor! Para caçar, cortejar ou proteger-se, passam de pintas coloridas a riscas pretas e brancas, ou mudam a textura da pele, ou então usam os tentáculos para imitar plantas aquáticas.

As espécies mais comuns de polvos têm cerca de um metro de comprimento, mas existem alguns que não passam dos dois centímetros.

O mais impressionante é que, na década de 50 do século XX, um grupo de cientistas descobriu um polvo com mais de nove metros de comprimento!

Normalmente o polvo alimenta-se de caranguejos, camarões e de pequenos moluscos. Mas não pense que o polvo só caça. Ele também é caçado: seu maior inimigo é a moreia.

Quando é atacado ou quando se sente em perigo, o polvo aspira uma grande quantidade de água e espirra-a para fora por uma espécie de buraco chamado "sifão", que lhe permite fugir a grande velocidade. Esta fuga é geralmente escondida por uma nuvem de tinta escura que o polvo liberta junto com a água.

A tinta de algumas espécies de polvo pode ter um efeito paralisante sobre o predador. Este deixa de conseguir ver, sentir e cheirar durante alguns momentos.


GOLFINHO
Delphinus delphis



Os golfinhos-rotatores são assim conhecidos devido aos saltos com a rotação do corpo , girando várias vezes em torno do seu eixo antes de retornar à água. A espécie tem bico muito longo e fino, com a ponta preta e a parte superior mais escura que a inferior. Tem o dorso cinza-escuro com faixas cinza-claro e ventre branco.

O período de gestação dura aproximadamente 10 meses e meio, nascendo um filhote de 80 cm. Apresentam um comportamento social bastante complexo. É comum deslocarem-se em grupos compostos por dois até várias centenas de indivíduos de todas as classes de idade e ambos os sexos.

Acredita-se que os seus saltos são usados como uma forma de comunicação, devido a propagação das ondas sonoras geradas pelo impacto na água. Os saltos também deslocam as rêmoras (peixes que grudam em sua pele).

Os golfinhos criaram vários jogos para desenvolver suas habilidades motoras. Um deles é o jogo das algas, onde através de manobras radicais passam ramos de algas de um para outro como se fosse um esporte. Esta brincadeira serve para aperfeiçoar suas habilidades sensoriais para caça.
Os golfinhos apresentam um sistema de orientação e localização conhecido como ecolocação. 
Eles emitem sons de alta freqüência, inaudíveis ao ouvido humano que após atingirem um objeto, o eco retorna ao golfinho, que os capta pela mandíbula e pelo ouvido. Estes são transmitidos ao cérebro, que os analisa quanto à localização, forma, textura e constituição. Eles usam a ecolocação para localizar um objeto, detectar sutis diferenças nos objetos, desorientar cardumes de peixes ou dividir o cardume.

Normalmente vários machos copulam com a mesma fêmea. Isso gera uma certa incerteza na parternidade e faz com que todos os machos protejam as fêmeas e seus filhotes.

Após nascerem os filhotes passam até 2 anos mamando e aprendendo os comportamentos sociais com as mães.

Durante o período de descanso, os golfinhos baixam seu metabolismo e entram num estágio comparável ao "alfa" do sono humano. O comportamento de descanso dos rotadores consiste em um lento movimento ascendente-descendente entre a superfície e o fundo da enseada.


ARRAIA




As arraias, ou raias, são peixes cartilaginosos, assim como os tubarões. Existem cerca de 600 especies, o que corresponde a 57 % de todos peixes cartilaginosos.

Apresentam um corpo achatado , nadadeiras peitorais muito largas e delgadas, dando aspecto de disco. As brânquias, dispostas em cinco pares de fendas, localizam-se na parte ventral do corpo. A cauda é normalmente longa e afilada, com a aparência de um chicote. Na superfície dorsal encontram-se os espiráculos (aberturas que levam água às cavidades branquiais), um par de olhos bem desenvolvidos, mas incapazes de enxergar colorido, uma vez que não têm cones (células responsáveis pela percepção de cor).

São animais, na sua grande maioria, sedentários, vivendo enterrados ou sobre fundos de areia ou lodo. A função do espiráculo, neste caso é importante, já que a água levada às brânquias, para respiração, não entra pela boca, como nos outros peixes. Isto porque a boca das arraias é no ventre.

As arraias alimentam-se de animais como crustáceos e moluscos. Os dentes formam várias fileiras, formando placas funcionais para trituração.

A bexiga natatória, órgão equilibrador presente nos peixes ósseos, ausente nos tubarões também não existe em raias. Como nos tubarões, as escamas são placóides, pequenas e numerosas.
Diferentemente dos peixes ósseos, as arraias copulam, sendo a fecundação interna. Posteriormente os ovos são liberados na água, envoltos em bolsas. O desenvolvimento dos ovos é muito lento, podendo demorar mais de um ano e meio, quando então eclodem.

Muitas espécies, como as arraias-prego,  têm ferrões venenosos na cauda utilizados contra predadores e agressores. Estes quando introduzidos na vítima causam graves ferimentos e dores intensas.

A arraia-manta pode atingir oito metros de largura por cinco metros de comprimento e mais de três toneladas de peso. Apesar de seu tamanho, alimenta-se de microorganismos planctônicos e pequenos peixes que captura nadando de boca aberta e direcionando com os dois grandes lobos carnosos.

Algumas espécies, conhecidas como arraias-elétricas, têm orgãos capazes de produzir uma descarga elétrica como defesa. A voltagem produzida, que varia de acordo com a espécie, pode alcançar de 8 a 220 volts. Com um choque contínuo ou vários repetidos, a energia acumulada se esgota. Para recuperá-la, as arrais-elétricas necessitam descansar por algum período.


BACALHAU




Se pensa que o bacalhau é um peixe seco, triangular e achatado, está muito enganado!
O bacalhau é um peixe tal e qual como os outros, mas como estamos mais habituados a vê-lo seco ou no prato não o conseguimos imaginar de outra forma.

No entanto, é um animal muito interessante que vale a pena conhecer melhor.

O seu nome científico é Gadus morhua e os peixes da sua família chamam-se gadídeos.
Este é um dos peixes mais conhecidos das águas frias do mar Atlântico Norte (Islândia, Terranova, Gronelândia e Noruega), no Círculo Polar Árctico.

O bacalhau cresce bem rápido e as fêmeas são espectaculares no que diz respeito a terem filhotes: põem de 2 a 8 milhões de ovos por ano. Mas nem todos sobrevivem aos ataques das aves e de outros peixes predadores.

Um bacalhau pode viver até aos 25 anos. Desta forma podem chegar a um tamanho enorme. O maior bacalhau já pescado tinha quase dois metros e pesava 95 quilos. Era um animal enorme, do tamanho de um homem alto e grande. Um bacalhau de 20 anos pesa mais ou menos 50 quilos, o que também é bastante.

Apesar do bacalhau crescer muito depressa, as fêmeas só começam a procriar mais ou menos aos sete anos, quando atingem cerca de 45 centímetros.

O problema é que, muitas vezes, são pescados antes dessa idade e em grandes quantidades, o que faz com que este animal esteja quase em vias de extinção.

O bacalhau alimenta-se de peixes e crustáceos. Esta gula torna-o uma presa muito fácil, uma vez que praticamente não oferece resistência à captura.

Ainda por cima, apesar de nadarem habitualmente a mais de 200 metros de profundidade, deslocam-se em grandes cardumes, o que facilita a vida dos pescadores.

O bacalhau é uma animal simétrico, ou seja, o seu corpo é igual do lado direito e esquerdo, o que não é comum em todos os peixes.

Outra curiosidade é que não tem o corpo totalmente opaco: é translúcido. Ou seja, a luz passa através dele dando um efeito muito interessante.

Por estar habituado apenas a uma determinada temperatura, o bacalhau está sempre a viajar em grandes cardumes à procura de alimento. Por isso se diz que é um peixe migratório.
Eles se comunicam através de sons, alguns deles servem para atrair as fêmeas e manter à distância os machos rivais.

Sabia que no tempo dos vikings já se pescava bacalhau? E no século XVI os portugueses já levavam bacalhau seco (como o conhece hoje) nas suas viagens das descobertas.
Como os navegantes portugueses passavam longos períodos no mar e precisavam de um alimento nutritivo e bem conservado, o bacalhau era o ideal, pois mantém as suas propriedades nutritivas durante seis meses. Apesar de não haver bacalhau nas costas portuguesas, Portugal tornou-se o maior consumidor deste peixe em todo o mundo.